Bike

CICLOVIAGEM EM GRUPO DÁ CERTO? ROTA DO CACAU – SUL DA BAHIA

Não sei vocês, mas eu já tive duas experiências de cicloviagem em grupo e afirmo que pode dar certo!

 

Resolvi editar esse post, após momentos de reflexão, baseada em um feedback que recebi. Ele sugeria que eu ressaltasse o que ficou de aprendizado dos momentos de conflito e não os detalhes das “tretas”, que ocorreram na viagem, como relatei na primeira publicação.

“Assim você agrega valor ao seu leitor e o texto não corre o risco de ficar chato como um lamento!” – externou o “brother”.

Vamos lá…

Primeiramente, tenho consciência de que toda história tem dois lados e ninguém é dono da verdade. Se fiquei incomodada em algumas situações, também devo ter despertado certo incômodo!

Uma das polêmicas clássicas, do topo da lista, nos pedais, é aquele papo de “nós somos um grupo e andaremos sempre juntos”. Na realidade não é bem assim que acontece, porque cada um tem o seu ritmo e a sua personalidade! Parece que as canelas “coçam” e quando se vê, alguns já se perderam de vista!

Esse é só um exemplo das inúmeras variáveis que podem ocorrer em uma viagem de bicicleta, principalmente se tiver bastante gente!

Fazendo uma análise pós viagem, cheguei à conclusão de que os pontos de atrito se deram, em menor grau, pelo meu condicionamento físico debilitado (eu estava saindo de uma gripe), seguido da falta de diálogo direto para acertar as arestas que iam surgindo no caminho e principalmente pela divergência de interesses – enquanto o grupo priorizava o pedal, eu priorizava a vivência.

Então…

O ideal é participar de pequenos grupos, de preferência que tenham a mesma “pegada”, condicionamento físico semelhante e os mesmos interesses!

Saber se o foco é quilometragem, velocidade e altimetria ou curtição e contemplação! 

Procurar deixar as diferenças de lado e aproveitar tudo o que o caminho e a vivência oferecem!  

Foi o que busquei fazer na minha recente CICLOVIAGEM NA ROTA DO CACAU – SUL DA BAHIA!

 

 

O ROTEIRO DE 7 DIAS FOI ELABORADO PELA ELO BIKE TRIPS, link aqui, sob medida para o nosso grupo – éramos 6. Com ótima infraestrutura, tudo saiu conforme a proposta da empresa: Oferecer uma vivência autêntica pela rota do cacau.

 

DIA 1

 

Fomos muito bem recepcionados pela equipe no aeroporto de Ilhéus!

Uma van, uma carretinha para as bikes, água de coco, frutas secas e castanhas como serviço de bordo, já nos aguardavam.

Partimos direto do aeroporto para a Fazenda Provisão, no município de Uruçuca.

 

 

Nos instalamos na fazenda centenária, onde, em cada aposento, encontramos um mimo oferecido pela ELO: kit de boas vindas personalizado, com o roteiro completo das atividades diárias e uma caixinha de deliciosos chocolates do puro cacau.

Após um almoço típico de fazenda com alimentos fresquinhos, fomos montar as bikes, conhecer a propriedade e aprender sobre a produção de cacau.

O chocolate é feito da semente torrada do cacau (nibs) e não da polpa, como eu imaginava!

 

O cacau e suas sementes

 

Na década de 1990, uma praga chamada “vassoura de bruxa” destruiu plantações inteiras, levando muitos fazendeiros à falência, da noite para o dia. Houve até casos de suicídio por conta disso! Dizem que a origem da praga foi criminosa, por questões políticas.

Dormimos cedo para que o primeiro dia de pedal fosse bem produtivo, pois seria o mais longo e de trajeto mais desafiador.

 

DIA 2

 

Iniciamos a pedalada depois do reforçado café da manhã e procuramos achar o ritmo do grupo – rápido para mim.

 

 

Passamos dentro de enormes propriedades de cacau, que mais pareciam vilas abandonadas – eram as moradias dos trabalhadores da época áurea da produção, que foram desativadas com a crise!

 

Casas abandonadas

 

No caminho, já bem mais atrás do grupo – já não os via, mas estava muito bem assistida pelo segundo guia que fechava o pedal, percebi uma plantação de seringueiras e entrei para observar os copinhos presos às árvores. Estavam cheios de látex, que era pegajoso como elástico derretido!

 

Seringueiras

 

Látex

 

Curiosidade: como a árvore de cacau precisa de sombra para se desenvolver, é comum ter ao seu redor outros cultivos de árvores mais altas.

 

Plantação de cacau

 

Atravessamos o Rio Almada da Lagoa Encantada, ponto de descanso e hidratação, onde tem uma pequena cachoeira. Fizemos a foto de registro.

Rio Almada

 

Nossa parada para o almoço foi na Fazenda Boa Esperança, que cultiva produtos orgânicos, depois de 45 km de pedal. Os 25 Km restantes do dia fiz no carro de apoio, devido às fortes cãibras nas minhas coxas.

Finalizamos o dia, felizes, na Praia do Sargi com um belo pôr do sol em um restaurante pé na areia, onde estava acontecendo o Serra Grande Beer Festival.

 

Praia do Sargi

 

Dia 3

 

O clima na Bahia no fim de agosto oscila muito! Havia chovido a noite toda e na hora do café da manhã, abriu sol, choveu, sol de novo e chuva de novo!

Saímos com capa de chuva e depois do primeiro quilômetro, tivemos que tirar!

Na programação constava um pedal contemplativo por Serra Grande, de 34 km, mais 6 km de single track, este último cancelado por questões de segurança, por causa do solo encharcado.

 

Pedal em Serra Grande

 

Por pouco, o pedal contemplativo não foi trocado por outro de quilometragem e altimetria maiores – algumas canelas estavam coçando! rs

Ainda bem que houve um consenso, porque o passeio foi topíssimo, lindo, lindo!

 

Mirante 2

 

Visitamos o mirante 2 – onde há decolagem de vôo livre e um visual incrível da praia, o observatório Timoteo Sommer – cercado da Mata Atlântica, pedalamos em uma das fazendas da Natura – coisa mais linda e fomos até Barra do Tijuípe – encontro do rio com o mar, para dar um mergulho.

 

Encontro do Rio Tijuípe com o mar

 

Na parte da tarde, fizemos um tour na Fazenda Juerana Milagrosa, onde estávamos hospedados, para conhecer uma cachoeira dentro da propriedade e suas plantações. Foi quando vi, pela primeira vez, uma palmeira de dendê e sua semente avermelhada, de onde é extraído o azeite. Quando a planta é novinha, também retira-se um palmito delicioso!

 

Semente do dendê

 

A Fazenda é totalmente sustentável, utiliza energia solar para abastecer um gerador e se mantém do que produz. Não há tomadas nos quartos, somente uma única na sala, que carrega a bateria dos eletrônicos.

Foi uma vivência enriquecedora!

 

 

Dia 4

 

Na noite anterior, eu já havia decidido que faria os 60 km desse dia no carro de apoio. Ainda não estava 100% recuperada e não queria atrapalhar o rendimento do grupo, nem ficar “alugando” o segundo guia que fechava o pedal, ainda mais que o tempo estava chuvoso!

Nos encontramos no Hotel Vila Rosa, antiga sede de uma fazenda de cacau, no município de Taboquinhas – Itacaré, local marcado para o almoço e banho nas piscinas naturais. 

 

Entrada do Hotel Vila Rosa

 

Depois do almoço fomos para a pousada, distante 10 km do local.

Nos hospedamos na Fazenda Pedra do Sabiá que é uma RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural, às margens do Rio de Contas.

 

Dia 5

 

Depois do café da manhã vegano, pedalamos até a base do rafting, na vila de Taboquinhas, para uma dose extra de adrenalina: descer de bote as corredeiras do Rio de Contas e finalizar a aventura atravessando o rio de tirolesa.

Fiz a minha estréia no rafting com muita alegria! Todos se divertiram!

 

 

Almoço pronto, todos famintos, hora de descanso!

A previsão era ficarmos 2 horas descansando do almoço, para então retornar para a pousada. Porém…  depois de 1 hora, já tinha canelinha coçando!

 

Dia 6

 

Recebemos da ELO sacos estanque, para colocarmos nossas roupas e itens de higiene, para serem carregados na bike. Iríamos pedalar na areia da praia e nesse dia não teríamos o carro de apoio levando nossa bagagem.

Como combinei que ficaria 3 dias em Barra Grande e não voltaria com o grupo no dia seguinte, recebi o saco maior. Eu tinha o maior volume e peso, enquanto que o pessoal, apenas uma muda de roupa!

 

Minha bagagem na mochila cor de laranja

 

Falei para o guia que não me incomodava em levar a minha bagagem, afinal, já havia feito outras cicloviagens com a bicicleta muito mais pesada! Mas, ele muito solícito e engajado em oferecer a melhor experiência, fez questão de levar tudo.

Navegamos com as bikes em canoas pelo Rio de Contas até a Praia de Itacaré, quando começamos a pedalar – 50 km até Barra Grande.

 

Desembarque na Praia de Itacaré

 

Atravessamos alguns rios que desaguavam no mar – eu sempre pedia ajuda.

E fui curtindo a paisagem e o pedal suave…

 

 

 

Desviamos para a BR 030 faltando aproximadamente 10 km para o final do trecho, devido à maré que iria começar a subir. Que aventura! A “tal” BR mais parecia as crateras da lua, cheias de lama! As suspensões das nossas bikes trabalharam duro, coitadas!

 

BR 030

 

Chegamos em Barra Grande!

Concluímos a cicloviagem!

Que alegria!

 

Barra Grande

 

Nos instalamos na pousada Búzios, na linda Ponta do Mutá.

Na parte da tarde, dispensei a última atividade da programação – que eu estava muito a fim de fazer, que era remar em uma canoa Polinésia. Fiquei indisposta, não consegui digerir uma “treta”…

À noite, fomos convocados pela equipe ELO, para nos reunir em um restaurante e depois caminhar pela vila, o que foi muito bom!

No dia seguinte, o grupo partiu em uma escuna, levando também a minha bike, que iria receber um trato especial – agendei uma revisão completa no parceiro Franck Bike. Sedona, a magrela, adorou o trato!

E eu, acreditem…

Curti muito a vivência!

 

 

AGRADEÇO À EQUIPE E SUPER RECOMENDO A ELO BIKE TRIPS, UMA EMPRESA SÉRIA E COMPROMETIDA EM PROPORCIONAR UMA EXPERIÊNCIA AUTÊNTICA EM CICLOTURISMO!

2 Comentários

  • Gus

    Cara amiga, já fiz várias cicloviagem e, no geral os grupos, qdo maiores, mais heterogêneos, isso é fato. Dentro dessa diversidade é preciso tentar se adaptar, mas isto nem sempre é possivel. Eu aprendi a viajar, no máximo com mais duas pessoas, para mim da certo.
    Gostaria de lhe parabenizar pelo site e os relatos, estou gostando Muito!
    Grande bjo, Gus.

    • Déa

      Gus, independente de qualquer coisa, a viagem foi linda! É bem verdade que me dei melhor em dupla, bora deixar nosso rastro no Sul? Beijão, querido amigo!

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