Bike

CARRETERA AUSTRAL DE BIKE

DE REPENTE… PAIXONITE!

Foi paixão à primeira vista! Também, não poderia ser diferente – percorrer a mítica Carretera Austral de bicicleta, com o namorado, em total harmonia e com o projeto de um sonho comum aos dois começando a ser desenhado a partir dali, era como estar nas nuvens! 

Sempre tinha escutado falar sobre a Patagônia, mas nunca havia me interessado em me aprofundar no assunto.

Até que algumas imagens e principalmente histórias de aventuras e fascínio sobre essa parte um tanto remota do planeta, começaram a cruzar o meu caminho com uma certa frequência.

A leitura do livro “Transpatagônia – Pumas não Comem Ciclistas“, de Guilherme Cavallari, veio a confirmar uma tendência que já estava se anunciando: conhecer de perto essa região.

Tudo saiu como o esperado, revelando o inesperado: uma mudança total de rumo na volta à rotina. A Patagônia tornaria-se um divisor de águas! 

Hoje, 1 ano e meio depois, começo a absorver profundamente as vivências do caminho:

É da natureza do clima a mudança drástica das condições atmosféricas.

É da natureza dos vulcões expelir lavas devastando áreas gigantescas.

É da natureza do meio ambiente adormecer e ressurgir para um novo ciclo!

 

Marco Zero da Carretera Austral na cidade de Puerto Montt

 

PATAGÔNIA CHILENA – CARRETERA AUSTRAL 

 

De 16/01/17 à 13/02/17

A Carretera Austral – Ruta 7 (CH7) – é uma rodovia de 1.240 km no sul do Chile, que atravessa parques nacionais e áreas protegidas. Ela atrai viajantes dos 4 cantos do mundo, pela beleza cênica em seu entorno. 

A estrutura ainda rústica, apesar do início de sua construção datar de 1976, se caracteriza pelo piso de rípio (cascalho), com alguns trechos asfaltados, travessias de balsa e topografia com elevações moderadas.

 

Rio formado por degelo

 

O planejamento da cicloviagem foi baseado no “Guia de Trilhas – Carretera Austral”, de Guilherme Cavallari, que mapeia com detalhes toda sua extensão. Ele informa, através de planilhas, a distância entre os vilarejos, altimetria, nível de dificuldade, locais para abastecimento, campings, hospedagem e opções de trilhas para trekking.

A aventura começou a ser traçada da seguinte maneira, considerando 30 dias de férias:

. 4 dias (ida e volta) 

. 3 dias margem para eventual contratempo e/ou intervalo para descanso 

. 1.240 km dividido por 23 dias = média de 54 km por dia

 

É muito comum o encontro com ciclistas e mochileiros na alta temporada. Este era um casal de suíços.

 

E foi realizada assim:

. SP à Santiago e Santiago à Puerto Montt (avião)

. Início do pedal em Puerto Montt, marco zero no extremo norte da Carretera 

. Desvio para Puerto Varas, substituindo a travessia de balsa por pedal (rota alternativa proposta no guia)

. Retorno à Ruta 7, em Contao, seguindo até Puerto Rio Tranquilo 

. Desvio para Puerto Guadal pela Ruta 265, margeando o Lago General Carrera, até Chile Chico (fim do pedal)

. Travessia de balsa para Puerto Ingeniero Ibañez e transfer de carro para Balmaceda 

. Balmaceda à Santiago e Santiago à SP (avião)

Obs: O trecho final até Villa O’Higgins, no extremo sul da Carretera, foi excluído por questões de logística.

 

Lago Llanquihue e o Vulcão Osorno ao fundo, querendo “dar o ar da graça”

 

 

Na região de Puerto Varas fizemos uma rota alternativa para seguirmos pedalando, em vez da travessia em balsa.

 

 

 

Ao chegarmos no fim da tarde em Villa Ensenada, destino final do primeiro dia, ganhamos de presente a visão completa do Vulcão Osorno e um lindo pôr do sol às margens do Lago Llanquihue!

 

 

 

Já de volta à Ruta CH7, em Villa Santa Lucia, o início de mais um dia arrumando a bike, uma rotina que, ao longo da viagem, vai se tornando cada vez mais fácil. 

 

 

 

Para chegarmos a Cerro Castillo passamos pelo trecho de maior elevação acumulada, ou no popular, de maiores subidas! Foi o mais cansativo e um dos mais longos, motivos que nos fizeram decidir por um dia de descanso na cidade, sem pedal.

 

 

 

A partir do povoado de Baía Murta (o nome “murta” vem de uma espécie de planta e não de “morte” como eu havia pensado), o magnífico lago azul turquesa General Carrera nos acompanharia pelo resto do caminho.

 

 

 

As Capillas de Mármol se localizam próximo ao povoado de Puerto Rio Tranquilo, de onde saem os barcos para a navegação até o santuário. Essa obra de arte da natureza é fruto da erosão provocada pelas águas do Lago General Carrera, sobre as rochas costeiras.

 

 

 

 

Como estávamos com tempo de sobra segundo nosso planejamento inicial, reduzimos as distâncias a percorrer por dia, no trecho final da viagem. Decidimos desacelerar o ritmo e acrescentar um dia de pedal, para aproveitarmos ainda mais o que o caminho iria nos oferecer, como a estadia no confortável domo da pousada Pared Sur.

 

 

 

A ruta CH265, considerada uma das mais “cênicas” do mundo, é uma estradinha de terra encravada nas montanhas e que acompanha o majestoso Lago General Carrera.

 

 

 

Foi com um cenário de cânions e cachoeiras ao longo da ruta CH265, e, com o vento patagônico a favor – sorte nossa! – que finalizamos em Chile Chico essa incrível cicloviagem!

 

14 Comentários

  • Gus

    Obrigado por nos deleitar com o seu relato. Realmente a Patagônia é uma região muito especial, todos os aventureiros deveriam conhece-la. As fotos são lindas e as dicas bem oportunas. Beijo grande!

  • Teresinha

    Maravilha de relato! Parabéns!
    A Patagonia é linda! Está entre os lugares q ainda pretendo ir… mas sem bike 😂😂😂😂

  • Danúbio Gomes

    Teus registros em palavras e imagens me trás um sentimento de querer, também, degustar os caminhos que trilhastes, parabéns e obrigado pela partilha!

  • Orlando liu

    Muito obrigado por compartilhar, quero saber como voltar de Villa O’Higgins a santiago?

    Tem que pedalar para balmaceda mesmo ? Pois são mais de 500km a mais para chegar

    • Déa

      Oi Orlando, tudo bem? Fico feliz que essa minha experiência possa contribuir de alguma forma! De Chile Chico peguei um ferry boat até Ingeniero Ibanez e de lá uma pickup, já contratada, até Balmaceda. Não cheguei a ir em Villa O’Higgins porque achei a logística para a volta mais difícil.

  • Anselmo

    Parabéns pela viagem e pelos relatos e experiências. Muito bom. Vai me ajudar bastante na programação do meu pedal em Novembro.

    • Déa

      Anselmo! Muito obrigada pelo seu comentário! Feliz em saber que minhas experiências irão te ajudar! Boa Carretera! Abs

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